E o céu muda de cor.
O pássaro pousa
a pluma pende
ele parte
ela se rende
o vento leva
e o homem
continua sentado.
E o céu muda de dor.
O pássaro triste
canta sem cor
se compadece
até parece
as asas lhe dispor.
Mas a tarde vem
e à tarde alguém
lhe faz um bem
por trazer
o que lhe sustém
e então se vai
pois a noite vem
fazer companhia
ao homem
que continua sentado.
Ele tem coração
e de mais só o vazio,
a solidão,
a visão do estio
da chuva, do calor
e do amigo frio
que lhe oferta sem pudor
um abraço ao relento.
E quando cessa o vento
resta o pedestre,
a rua,
o sol, a lua,
e o tempo
a correr
como as rodas lentas
da cadeira
que o espera morrer.
Mas hoje ainda há ar
a maltratar seus pulmões
só não há mais lugar
para aspirações
se o mais longe que irá
é mais perto dos portões
ver o pássaro voltar
já que o sol se cansou
e foi repousar.
Então a criança desce a rua
a menina vai à escola
o pai chega da luta
a mãe vai ao mercado
E o homem
contempla a vida,
calado,
cansado,
condenado
a continuar
sentado.
quarta-feira, 25 de julho de 2007
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